Sala Especial
Marcelo de Paula
Abertura
20 de Maio às 9:00 hs
Exposição
Até 8 de Junho
Segundas a sextas-feiras das 10 às 18 h
Sábados das 10 às 13 h
Local
Rua Curitiba, 1862, Lourdes, 30170-127
Belo Horizonte/MG
Estacionamento Privativo
+55 (31) 3318-3830
9.9889-1515 | 9.9889-5445
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EDUCAÇÃO FORMAL – BELAS ARTES – PINTURA
Desenvolvimento de trabalho em pintura a óleo como autodidata (1998 – 2001);
Pintura III – Curso do Currículo de Graduação em Belas Artes – Pintura – Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil (2o Semestre de 2002);
Atelier I – Curso do Currículo de Graduação em Belas Artes – Pintura – Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil (Último Ano – 1o Semestre de 2003);
Atelier II – Curso do Currículo de Graduação em Belas Artes – Pintura – Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil (Último Ano – 2o Semestre de 2003).
DESCRIÇÃO DO TRABALHO – BELAS ARTES – PINTURA
(1998 – presente)
A partir de 2002, após frequentar os cursos de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, com um dos mais respeitados aquarelistas brasileiros, Mário Zavagli, a temática predominante dos trabalhos vem sendo, principalmente, de representação de paisagens urbanas. Nessa trajetória, os últimos dez anos têm sido direcionados para a representação de centros urbanos de grandes metrópoles e a busca por um discurso estético inerente ao ambiente contemporâneo daqueles espaços (界畫 – jièhuà). Como consequência desse processo, a elaboração dos trabalhos impôs a gradual incorporação de técnicas de pintura tradicionais, com o intuito de conciliar a expressão artística com a necessidade crescente de controle dos aspectos técnicos da arte representacional.
As pinturas mais recentes exploram os elementos arquitetônicos e pictóricos de paisagens urbanas da China contemporânea. Outrossim, o foco dos trabalhos tem sido, em muitas instâncias, deslocado para a representação de cenas urbanas noturnas, cuja abordagem pictórica, não raramente, se desvia dos ingredientes formais do realismo representacional. Como metrópoles de classe internacional dos dias atuais, os centros urbanos de Shanghai, Hong Kong e Beijing incorporam de forma vigorosa a natureza vibrante das grandes cidades modernas do século XXI através da enorme dispersão de cores, luzes e sombras de suas cenas noturnas. A representação dessas imagens noturnas dos centros urbanos contemporâneos apresenta, todavia, desafios significativos. Além da grande dispersão de luzes, a difusão de um amplo espectro de cores e matizes gerados pelos diversos tipos de iluminação artificial, torna extremamente complexa a concepção dos valores estéticos da pintura.
Para fazer face aos desafios acima mencionados, recursos computacionais de tecnologia digital/gráfica são amplamente utilizados para construir muitos dos conceitos estéticos básicos que fundamentam os trabalhos, bem como para definir os elementos do desenho necessários à execução das pinturas.
Por fim, mais recentemente, trabalhos digitais baseados em fotografia digital em associação com técnicas de efeitos especiais de tecnologia digital começaram a ser incorporados ao escopo da produção artística de Marcelo A De Paula nas artes visuais. A interferência digital/gráfica nas imagens, amplamente utilizada para a concepção das pinturas, foi adquirindo progressivamente uma autonomia conceitual em relação ao discurso estético/visual que era, até poucos anos atrás, submetido exclusivamente às técnicas de pintura. A partir de 2022, essas obras digitais experimentais ganharam igual importância nos trabalhos desenvolvidos. Atualmente, os trabalhos digitais são regularmente executados como Fine Art Prints, no que se refere à qualidade dos suportes e pigmentos utilizados, e estão integralmente incorporados à produção artística visual de Marcelo A De Paula.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS & LEILÕES DE ARTE
Leilão de Arte: Duas de suas obras foram leiloadas na Errol Flynn Galeria de Arte, Abril de 2024. As obras também foram reproduzidas no catálogo da exposição.
Leilão de Arte: Duas de suas obras foram leiloadas na Errol Flynn Galeria de Arte, Novembro de 2023. As obras também foram reproduzidas no catálogo da exposição.
Leilão de Arte: Duas de suas obras foram leiloadas na Errol Flynn Galeria de Arte, Junho de 2023. As obras também foram reproduzidas no catálogo da exposição.
Exposição Individual: “China’s Forbidden Cities – Oil Paintings and Digital Works” na Associação Médica de Minas Gerais – Espaço Cultural Otto Cirne, Belo
Horizonte, Brasil – 2 de maio de 2022 a 31 de maio de 2022.
Exposição Individual Virtual: “China’s Forbidden Cities III” na MAPFINEARTS – Galeria Virtual, www.mapfinearts.com – 23 de abril de 2022 a 28 de junho de 2022.
Exposição Individual Virtual: “China’s Forbidden Cities II” na MAPFINEARTS – Galeria Virtual, www.mapfinearts.com – 16 de Outubro de 2021 a 21 de Dezembro de 2021.
Exposição Individual Virtual: “China’s Forbidden Cities I” na MAPFINEARTS – Galeria Virtual, www.mapfinearts.com – 24 de Abril de 2021 a 29 de Junho de
2021.
Exposição Individual: “China: Forbidden Cities” na Associação Médica de Minas Gerais – Espaço Cultural Otto Cirne, Belo Horizonte, Brasil – 1 de Junho de 2017 a 30 de Junho de 2017.
Exposição Individual: Associação Médica de Minas Gerais – Espaço Cultural Otto Cirne, Belo Horizonte, Brasil – 1 de Julho de 2016 a 31 de Julho de 2016.
Leilão de Arte: Uma de suas obras foi leiloada na Errol Flynn Galeria de Arte, Outubro de 2015. A obra também foi reproduzida no catálogo da exposição.
Leilão de Arte: Uma de suas obras foi leiloada na Errol Flynn Galeria de Arte, Abril de 2015. A obra também foi reproduzida no catálogo da exposição.
Leilão de Arte: Uma de suas obras foi leiloada na Errol Flynn Galeria de Arte, Dezembro de 2014. A obra também foi reproduzida no catálogo da exposição.
Exposição Individual: “Serenissima and Other Urban Spaces” na Associação Médica de Minas Gerais – Espaço Cultural Otto Cirne, Belo Horizonte, Brasil – 3 de Fevereiro de 2014 a 31 de Março de 2014.
Exposição Individual: Associação Médica de Minas Gerais – Espaço Cultural Otto Cirne, Belo Horizonte, Brasil – 19 de Agosto de 2002 a 06 de Setembro de 2002.
Leilão de Arte: Uma de suas obras foi leiloada na Galeria Murilo Castro, Junho de 2002. A obra também foi reproduzida no catálogo da exposição.
EDUCAÇÃO FORMAL – ECONOMIA
Ph.D. em Economia, Maio de 1993, University of Illinois at Urbana-Champaign, Estados Unidos.
M.A. em Economia, Janeiro de 1989, University of Illinois at Urbana-Champaign, Estados Unidos.
Bacharel em Economia, Dezembro de 1986, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.
EDUCAÇÃO FORMAL – MÚSICA – VIOLONCELLO
Escola de Música – University of Illinois at Urbana-Champaign, Estados Unidos – (1988 – 1993);
Conservatório de Música – Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil – (1984 – 1986).
CHINA’S FORBIDDEN CITIES
33 Pinturas a Óleo & Trabalhos Digitais
A idéia por trás da exposição China’s Forbidden Cities apoia-se numa aparente mera coincidência de dois assuntos de grande interesse em minha vida, mas que ainda não estavam totalmente entrelaçados: China e Pintura. Sob uma perspectiva estritamente pessoal, eu poderia dizer que há muitos anos tenho uma grande admiração e interesse pela China e sua notável cultura, seja como economista ou pintor. Desde o meu primeiro contato com a pintura Clássica Chinesa, há mais de 30 anos durante os meus anos de estudos na University of Illinois at Urbana-Champaign, fui instantaneamente fascinado pelos trabalhos dos grandes mestres. Um olhar atento para a cultura Chinesa nos conduz à constatação de que na história da China a pintura ocupa o lugar mais alto das artes Clássicas. Durante a dinastia Shang – 商朝 – cerca de 1300 a.C., a língua Chinesa distanciou-se consideravelmente em relação aos padrões de evolução de outras línguas quando transformou um pictograma em um ideograma, ou em outras palavras, quando passou a utilizar imagens para expressar idéias abstratas. A partir de então, as possibilidades de combinações de ideogramas para criar novas idéias expandiram-se ilimitadamente e a língua Chinesa desenvolveu-se para se tornar inteiramente distinta de qualquer outra língua no mundo. Como consequência disso, a pintura e a escrita são por vezes difíceis de se diferenciar uma da outra. Em muitos períodos da história Chinesa, a caligrafia e a pintura estiveram tão entrelaçadas que
as duas formas de arte praticamente se fundiram em um só modo de expressão. Dentre os muitos estilos em que as pinturas Chinesas foram produzidas ao longo dos tempos, um dos mais apreciados e característicos daquela cultura tem sido aquele em que se utiliza de tinta solúvel em água aplicada sobre seda ou papel Xuan (宣紙). Essa técnica permite ao artista trabalhar a pintura com o mesmo padrão de pinceladas disciplinadas utilizadas na prática da caligrafia. Desse modo, a expressão pictórica é construída por meio de linhas e pontos, frequentemente desconsiderando o uso de cores, a fim de evitar distrações no trabalho de representação. Além disso, efeitos de luz e sombra são economicamente explorados através de delicadas variações de tons de cinza. Esse estilo tem sido descrito na história da arte como literati painting/scholar official painting ou estilo xiěyìhuà (寫意畫). O寫 意畫surgiu pela primeira vez durante a dinastia Song – 宋朝 – (960-1279 d.C.) e desde então tem sido uma das principais abordagens de representação da pintura tradicional Chinesa. Cabe ainda ressaltar que o trabalho focado em pinceladas monocromáticas, oriundas da caligrafia, permitiu ao artista Chinês desenvolver uma liberdade técnica capaz de promover níveis elevados de expressão pessoal que suplantam a mera representação pictórica.
No que concerne ao descrito acima, China’s Forbidden Cities se distancia do estilo寫意畫. A técnica da pintura a óleo associada ao uso de uma ampla paleta de cores coloca os trabalhos apresentados em forte contraste com qualquer estilo tradicional de pintura Chinesa. No entanto, alguns dos elementos característicos da pintura Clássica em referência devem ser reconhecidos como de relevante importância no desenvolvimento dos trabalhos dessa exposição. Por exemplo, muitas delas são concebidas a partir de um ponto de vista mais elevado em relação ao solo de modo a tentar criar, como nas pinturas Clássicas Chinesas, uma percepção geral mais ampla do todo, assim como em alguns casos, provocar um certo desconforto no observador em relação ao real ponto de perspectiva do pintor. Outro aspecto digno de nota em relação às paisagens Clássicas Chinesas refere-se à maneira de introduzir a figura humana na cena. Nelas o elemento humano é elaborado de modo a promover a percepção de equilíbrio e harmonia na vastidão da paisagem natural. Como em um ideograma, a representação do ser humano é articulada em pinceladas que servem ao único propósito de contribuir na idealização do todo. Em meu trabalho, a figura humana é também inserida de modo a gerar a idéia de uma perfeita sintonia com a cena. No entanto, ela surge não mais integrada no equilíbrio da natureza, mas sim na dinâmica caótica de uma paisagem de um centro urbano moderno. O ponto de coincidência com as pinturas Clássicas Chinesas consiste na completa ausência de protagonismo do ser humano em relação à força monumental do meio ambiente. No caso específico das minhas pinturas, embora a percepção da ocupação humana possa ser identificada em todas as partes das cenas urbanas contemporâneas, sejam em edifícios, templos, pontes ou ruas, as pessoas, quando presentes nas cenas, são frequentemente distorcidas na sua representação, a fim de inserí-las harmonicamente com os elementos arquitetônicos da paisagem. Uma outra razão para ter a China como elemento central desta exposição foi o fantástico dinamismo e proliferação de cores da vida noturna contemporânea de Shanghai e Hong Kong, cuja representação é o foco das pinturas dessa exposição. Os contrastes ousados no uso das cores na Cidade Proibida em Beijing contribuíram de maneira substantiva para criar uma relação entre o moderno e o antigo no mundo Chinês.
Diferentemente do pintor tradicional Chinês que, na tentativa de capturar a essência das coisas, desconsidera a cor e a luz por serem distrações indesejáveis, o presente trabalho foi movido pelo interesse em explorar a ampla dispersão de cores, luzes e sombras nas cenas noturnas de grandes centros urbanos. Um elemento adicional de inspiração para essa exposição foi o meu crescente interesse, em anos recentes, em desenvolver no meu trabalho em pintura a introdução de imagens noturnas de centros urbanos. A atração por este tipo de temática está relacionada à energia visual que, normalmente, permeia a vida noturna das grandes cidades contemporâneas. Todavia, como pintor, a representação de paisagens urbanas noturnas requer um cuidadoso entendimento prévio de problemas conceituais que se apresentam de imediato no processo de elaboração pictórica. O primeiro deles refere-se à disseminação, quase caótica, por toda a extensão da cena de todos os tipos de luzes de diferentes cores, assim como diversos pontos de luz. O excesso de luzes artificiais em toda a área do trabalho cria o indesejável risco de distrair o observador ao se deparar com paisagens urbanas noturnas. Embora cenas noturnas vêm sendo pintadas no Ocidente desde os tempos de Giotto, cenas urbanas contemporâneas são consideravelmente diferentes de quaisquer outras de épocas passadas pelo simples fato de que, nos dias de hoje, as paisagens urbanas modernas se transformaram de um modo sem precendentes. O excesso de fontes de luzes artificiais não é, contudo, o único desafio na concepção de pinturas nessa temática.
Surpreendemente, as cores derivadas das luzes artificiais dificultam enormemente a elaboração de padrões estéticos, uma vez que aquelas luzes surgem numa gama quase infinita de matizes de difícil conciliação no corpo da pintura. A despeito das dificuldades acima descritas, os trabalhos apresentados nessa exposição surgem de uma iniciativa de representação de imagens de intensa vibração pictórica, capturadas, em diversas instâncias, nas noites de centros urbanos contemporâneos.
Os estágios iniciais de todos os projetos de pintura têm como referência registros fotográficos digitais feitos in loco de paisagens urbanas em Beijing, Shanghai e Hong Kong. Recursos computacionais de interferência digital/gráfica nas imagens permitem a elaboração de importantes parâmetros estéticos que serão incorporados na produção das pinturas. Cabe ressaltar que nesses primeiros estágios são igualmente definidos os elementos de desenho necessários para a consecução do trabalho final em pintura a óleo.
Por fim, mais recentemente, trabalhos digitais baseados em fotografia digital em associação com técnicas de efeitos especiais de tecnologia digital passaram a ser incorporados ao escopo de minha produção artística em artes visuais. A interferência digital/gráfica nas imagens, amplamente utilizada para a concepção dos trabalhos em pintura, passa a adquirir, desse modo, uma autonomia conceitual em relação ao discurso estético/visual submetido exclusivamente, até então, às técnicas de pintura. Para essa exposição, alguns desses trabalhos digitais foram impressos com qualidade Fine Art, no que concerne aos suportes e pigmentos utilizados, e serão mostrados conjuntamente com as pinturas a óleo.
Marcelo Assis De Paula
Website link:
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e-mails:
marcelo@mapfinearts.com
conatusci@hotmail.com
References
Chinese Painting Gallery. Published by the Chinese/Shanghai Museums.
Kissinger, Henry. On China. New York: The Penguin Press, 2011.
Hearn, Maxwell K. How to Read Chinese Paintings. New York: Metropolitan Museum of Art, 2008.
Morton, W. Scott, and Charlton M. Lewis. China: Its History and Culture. New York: McGraw-Hill, 2005.
Tanner, Harold M. China: A History. Hackett Publishing Company, Inc., 2009.
AS PINTURAS DE MARCELO ASSIS DE PAULA
As primeiras pinturas de Marcelo que vi foram realizadas entre 1998 e 2001 – sua fatura pictórica, de muito boa qualidade, e a segurança com que apresentava uma temática paisagista, atestavam que seu trabalho de pintor vinha de muito mais tempo, e demonstravam raro talento para a representação naturalista. Seus trabalhos já mostravam a observação aguda do viajante contumaz, em representações de paisagens de vários países, incluindo aí algumas de terras brasileiras. Nelas não há um protagonismo de um elemento em relação aos demais: montanhas, árvores, rios e céus convivem harmonicamente em benefício da totalidade da pintura. É preciso que se diga, porém, de sua competência na construção dos espaços aéreos – céus corpóreos, sempre sugerindo movimento, e que traziam muita densidade às suas pinturas. Surge, nesse período, porém, um processo de transição em sua criação. Pelo menos cinco pinturas dessa época retratam parques onde, ainda de forma um pouco complementar aos elementos naturais, surgem velhos edifícios típicos da arquitetura européia. Isso abre ao seu trabalho novas e ótimas perspectivas, inclusive no sentido literal do termo.
Mais tarde, trabalhamos juntos nos ateliers de pintura da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais durante os anos de 2002 e 2003, quando pude acompanhar muito de perto a enorme evolução de sua pintura. Nesse período, Marcelo mergulhava fundo em representações urbanísticas de Nova Iorque, Paris e outras cidades européias que percorria em suas viagens constantes, em pinturas de dimensões às vezes bem maiores que as anteriores. Seu trabalho alcançava maturidade e enorme domínio técnico, dando um salto monumental de qualidade. Marcelo surpreendia a todos a cada novo trabalho, mostrando claramente que encontrara, com sua temática urbana, o caminho natural para desenvolver uma obra cada vez mais original. A arquitetura contemporânea de grandes núcleos urbanos, as ruas com seus carros, seus sinais, pedestres, – as cidades modernas, plenas de suas funções eram representadas por Marcelo de forma quase hiper-real em suas pinturas. E esse “quase” dava a elas, talvez, um sabor próprio, peculiar, que as distanciavam da escola Hiper-realista. Marcelo buscava não perder de vista as representações pictóricas de núcleos urbanos da história da Pintura: a Delft de Veermer, a Veneza de Canaletto e de Sargent, a Nova Iorque de Hopper, a Paris dos Impressionistas. Extremamente minucioso, levava meses na execução de
um trabalho, e mergulhava cada vez mais em pesquisas técnicas da pintura a óleo: tintas, vernizes, marcas, suportes, de forma sempre meticulosa.
Sempre que pude, nos últimos dez anos, acompanhei a evolução do trabalho de Marcelo com muito interesse. E tive surpresas muito agradáveis com os novos rumos que sua pintura tomou nos dois últimos anos – 2012 e 2013. Seu interesse pela representação urbana de grandes cidades, pela peculiaridade de algumas, como Veneza, continua como um vasto campo para pesquisas. Sua forma de conceber e configurar pictóricamente esses espaços urbanos, porém, amadureceu incrivelmente graças a uma nova forma de se utilizar do corpo das tintas e de vernizes e, em decorrência disso, de suas pinceladas. A observação meticulosa, a severidade da construção de detalhes continua lá, mas agora sob uma capa de tinta muito mais encorpada e brilhante, aplicada com pinceladas livres e sinuosas. Sua pintura conquista, hoje, uma sensualidade muito maior, se torna agradavelmente táctil, o que torna tão rico vê-las tanto a distância quanto de perto: a aplicação das cores encorpadas confere um sabor novo aos detalhes observados. Marcelo continua viajando sempre – e sempre com seus olhos de pintor por detrás de uma câmera a registrar seus percursos. E me parece que cada vez mais suas viagens são as viagens de um moderno artistaviajante. São viagens em busca de ver a Pintura. De conhecer novos pintores. De dialogar com novas obras. Marcelo, também músico
(violoncelista) e PhD em Economia, é hoje, antes de tudo, pintor.
Mário Zavagli
2014